- Área: 540 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Jonathan Leijonhufvud, Pengfei Wang
Descrição enviada pela equipe de projeto. O terreno fica próximo ao cruzamento de duas ruas principais da cidade antiga de Dali. Ele combina dois lotes residenciais e ocupa apenas 390 m². Três lados do terreno estão cercados por edifícios residenciais vizinhos. Apenas seu limite leste está aberto para a rua. O programa consiste num hotel boutique com 14 quartos e um café aberto ao público.
Para projetar um hotel em um terreno sem vistas privilegiadas do entorno, tivemos que imaginar a ambiência dos espaços internos. A arquitetura pode ser compreendida como oito volumes individuais formando duas camadas de pátios fechados. Os quartos do hotel estão localizados ao redor do pátio e desfrutam da atmosfera serena contida em seu mundo interno em miniatura. O café é um espaço transparente ao longo da fachada leste dessa composição.
Um pavilhão de chá está situado no centro do terreno. Ao invés de dividir o pátio em duas partes, o limite transparente do pavilhão permite que seja percebida toda a profundidade do pátio, criando um ritmo sutil de "Yin" e "Yang". A transparência também é enfatizada ao longo do eixo leste-oeste. Ambas as fachadas do café apresentam janelas de vidro operáveis. Observado da rua, o hotel não se destaca como uma expressão conspícua, mas parece mais com a abertura de um palco de teatro, induzindo a atenção para o interior do café e para o pátio além dele.
A irregularidade do espaço é resultado da complexidade das condições do projeto. Portanto, o tamanho, arranjo interno e posicionamento das aberturas de cada quarto de hotel é diferente. Consideramos cada quarto como um edifício individual dentro do contexto deste complexo hoteleiro, que parece uma pequena cidade. Uma série de estratégias específicas que respondem às diversas restrições e contingências permite que as diferentes características de cada ambiente sejam celebradas.
Tanto a estrutura como o envelope deste edifício são feitos de concreto. A fim de reduzir custos, escolhemos uma peça de madeira comum como fôrma do concreto, mas durante o processo deliberadamente mantivemos um lado dela sem verniz, e usamos este lado para moldar um padrão irregular na fachada. A largura média deste padrão é 4 cm, o que corresponde perfeitamente à escala íntima dos espaços.
De acordo com o código de planejamento e construção local, pelo menos 80% do edifício tem que apresentar um telhado inclinado coberto com telhas tradicionais. Assim, o hotel dispõe de 7 telhados de duas águas e uma cobertura plana para acomodar máquinas e demais instalações. Consideramos o beiral – encontro da parede de concreto com o telhado tradicional – como um detalhe crítico da fachada. Utilizamos a geometria do "beiral à prova de fogo" local como referência. A forma angular da pedra em balanço foi traduzida em concreto no nosso caso.
A fim de conduzir a drenagem na estação chuvosa de Dali, calhas de cobre foram adicionadas aos beirais voltados para o pátio. O código local também exige que os edifícios tenham uma aparência tradicional em sua fachada pública. Portanto, revestimos a fachada leste com uma camada de alvenaria de pedra local. A materialidade da fachada então se funde com o pano de fundo de seu contexto e, ao entrar no espaço interno de concreto, é possível sentir uma agradável surpresa de contraste, como sair da realidade e entrar num país de maravilhas.